A estratégia de reforçar a vacinação contra covid-19 nas áreas de fronteira

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Cerca de 40 mil pessoas passam pela Ponte Internacional da Amizade diariamente.

Representantes de cidades brasileiras que fazem fronteira com outros países têm solicitado ao Ministério da Saúde a destinação de mais doses da vacina contra covid-19 para estas regiões. O tema já vinha sendo discutido há algum tempo, mas ganhou mais repercussão após o Brasil receber 3 milhões de doses da vacina Janssen (Johnson & Johnson), cuja aplicação compreende apenas uma dose, o que facilita a imunização de pessoas que estão sempre em trânsito. O contrato entre a farmacêutica e o Ministério da Saúde prevê 38 milhões de doses até o fim do ano.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a faixa de fronteira compreende aproximadamente 16.800 Km de extensão, passa por 11 estados, 10 países fazem fronteira com o Brasil (Na América do Sul, o Brasil só não faz fronteira com Chile e Equador) e há aproximadamente 12 milhões de habitantes nessas regiões. Fora isso, as cidades de Foz do Iguaçu (PR) e Uruguaiana (RS) têm, respectivamente, o maior e o segundo maior porto seco da América Latina, ou seja, com uma intensa movimentação de cargas.
Outras cidades gêmeas com destacada conurbação transfronteiriça são Corumbá (MS), Ponta Porã, Cáceres (MT), Guajará-Mirim (RO), Epitaciolândia (AC) e Brasiléia (AC), dentre outras. “Todas estas cidades, além de Foz do Iguaçu e Uruguaiana movem um ecossistema que envolve pessoas, bens e serviços de forma dinâmica. É estratégico que frente a um cenário de pandemia e para evitar que novas variantes surjam a partir desta grande circulação de pessoas, nas cidades fronteiriças haja intensificação da vacinação e que sejam locais eficientes para medir estudos de caso sanitários”, argumentou Luciano Stremel Barros, Presidente do Instituto de Desenvolvimento Econômico e Social de Fronteiras (IDESF).
Em Foz do Iguaçu, por exemplo, a cidade faz fronteira com o Paraguai e com a Argentina. Em relação ao Paraguai, cerca de 40 mil pessoas passam pela Ponte Internacional da Amizade diariamente. Já a fronteira com a Argentina está fechada desde março de 2020, mas, centenas de caminhões vindos do país transitam por Foz do Iguaçu. Cerca de 400 mil brasileiros vivem no Paraguai e, destes, 98 mil estão próximos da região trinacional. “Com mais doses, poderemos atender também a essas pessoas que já têm buscado o sistema municipal de saúde”, destacou o Prefeito de Foz do Iguaçu, Chico Brasileiro. Ainda segundo o Prefeito, que esteve no Ministério da Saúde nesta quarta-feira, o pedido de mais vacinas para Foz do Iguaçu tem avançado. O secretário-executivo do Ministério da Saúde comentou que o Ministro Queiroga está sensível e tem avaliado o assunto e que será solicitado o levantamento deste cinturão sanitário das fronteiras secas para trabalhar em um cronograma de distribuição.

Texto: Eloiza Dal Pozzo

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