Painel sobre o tema ‘Projetos para desenvolvimento de fronteiras’ encerrou o evento
O maior vinhedo da América do Sul, com 450 hectares de vinhas concentradas em uma única propriedade, está no município de Santana do Livramento (RS), fronteira entre Brasil e Uruguai, e foi implantado na região devido a um estudo da Universidade de Davis, na Califórnia (EUA), apontando que o local concentra o conjunto de condições favoráveis para a produção de vinhos de qualidade. Isso foi há 46 anos, quando a vinícola Almadém se estabeleceu na região, marca posteriormente incorporada e atualmente pertencente à Miolo Wine Group.
A propriedade mantém a produção de vinhos da marca, consolidados no mercado, e implementou o enoturismo com a criação do Wine Park Almadém. O complexo recebe visitantes do mundo todo e é um dos exemplos dos potenciais oferecidos e em desenvolvimento nas fronteiras brasileiras. A pujança da vitivinicultura do grupo Miolo, nas fronteiras e nas demais unidades de produção, foi destaque no VII Seminário Fronteiras do Brasil, realizados pelo Instituto de Desenvolvimento Econômico e Social de Fronteiras (IDESF), de 18 a 20 de novembro.
“Os vinhos têm suas próprias fronteiras, chamadas de ‘terroirs’, que lhes doam tipicidade, decorrente do solo, clima e fatores humanos, tornamdo-os únicos e diferentes”, destacou o diretor executivo da Miolo Wine Group, Danilo Cavagni, durante a palestra ‘O vinho integra fronteiras’, ministrada na última noite do evento, no painel sobre ‘Projetos para desenvolvimento de fronteiras’.
Embalado pelo fluxo de turistas que não para de crescer, o grupo investe no projeto de instalação do Trem do Pampa, passeio turístico criado para aproveitar o movimento de compras de Santana do Livramento, vizinha e gêmea da uruguaia Rivera. A intenção é repetir na unidade fronteiriça o mesmo sucesso já obtido no complexo enoturístico da Serra Gaúcha, onde a Miolo recebe mais de 200 mil turistas por ano, em roteiros que contemplam vinhedos, cantina e caves subterrâneas. “Eles vêm interessados em experimentar vinhos, conhecer a vinícola, saber como é o processo de produção e até participar da colheita da uva”. O movimento alavanca a venda de vinho, ajudando na divulgação e tornando os visitantes consumidores da marca.
Free shops – O último painel do Seminário do IDESF teve também a participação do consultor em importação e exportação, regimes aduaneiros especiais e lojas francas, Oscar Bentacourt. Falando sobre a mudança do cenário econômico das regiões fronteiriças produzida pelas chamadas free shops, o consultor trouxe o panorama que culminou com a aprovação da legislação brasileira permitindo a instalação de lojas francas nas cidades gêmeas, aprovada em 2012. Com a autorização para funcionamento liberada pela Receita Federal, em 2018, iniciou-se a ‘peregrinação’ dos empresários para vencer os trâmites e abrir as portas das lojas, que estão em franca expansão.
Bentacourt usou mapa elaborado pelo IDESF em recente matéria publicada neste site sobre A franca evolução das free shops nas fronteiras brasileiras para ilustrar o cenário atual das lojas francas no Brasil e destacou que o modelo é uma alavanca, pois vai possibilitar a instalação de outros negócios e contribuir para mudar a realidade das cidades fronteiriças. “O que faz um jovem de 16 anos na fronteira? Ele não tem mais o que fazer: ou vai embora, ou fica ali exposto ao crime, ao assédio para fazer um descaminho, a mula que a gente chama”.
O painel também contou com apresentação da mediadora, Laura Urrejola, sobre o resgate do sentimento e valorização das potencialidades fronteiriças, e teve como último palestrante o ex-secretário de Turismo, Indústria e Comércio de Foz do Iguaçu. Gilmar Piolla fez um balanço dos 3 anos e 7 meses à frente da pasta e elencou os principais projetos que prometem mudar a realidade de tríplice fronteira entre Brasil, Paraguai e Argentina. Com destaque para a consolidação de um hub logístico aéreo, motivado pelos investimentos de Itaipu e Infraero no Aeroporto Internacional.
Entre as melhorias está a ampliação da pista dos atuais 2.195 metros para 2.800 metros, o que permitirá voos sem escalas para os EUA e países europeus. A previsão é que esta etapa seja concluída em maio. “Mas o horizonte final é 2039, quando teremos um aeroporto com estrutura para receber mais de 20 milhões de pessoas por ano”, enfatizou. Ano passado, a movimentação no aeroporto de Foz foi de 2,4 milhões de pessoas, segundo a Infraero um dos que mais apresentou crescimento no Brasil.
Piolla falou ainda sobre a Ponte da Integração Brasil – Paraguai, nova ligação entre os dois países, e a Avenida Perimetral Leste, projetada para desviar o fluxo de caminhões do Centro da cidade e do eixo turístico. Fez menção às free shops e aos pólos de saúde, tecnologia e inovação como pilares de desenvolvimento para a região.
O VII Seminário Fronteiras do Brasil iniciou na quarta (18.11), com o painel ‘Mercados ilegais – análise de vulnerabilidades nos diferentes modais’ e prosseguiu na quinta (19.11) à noite, com o painel ‘Segurança integrada de fronteiras’. As transmissões foram abertas ao público e podem ser acessadas nos seguintes links:
Painel ‘Mercados ilegais – análise de vulnerabilidades nos diferentes modais’
Painel ‘Segurança integrada de fronteiras’
Painel ‘Projetos para desenvolvimento de fronteiras’
Rosane Amadori/Comunicação IDESF/(45)99101-1045