A safra brasileira de milho deverá ter aumento de 24% na produtividade nos próximos anos. Este será o mesmo percentual para o café, enquanto a soja e o feijão terão elevação de 12%. As projeções para algumas das principais culturas do País foram apresentadas pelo pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste, Fernando Mendes Lamas, em aula proferida aos alunos de pós-graduação do Instituto de Desenvolvimento Econômico e Social de Fronteiras (IDESF) em EaD, neste final de semana (14, 15 e 16.05).
O pesquisador utilizou informações do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e, como referência, apresentou dados da safra 2017/2018 para projetar a evolução do setor na década seguinte. No caso do milho, o crescimento significa pular da média de 4,9 para 6,1 toneladas por hectare projetadas para a colheita 2027/2028. Para o café, a produtividade prevista sobe de 32,2 para 39,9 sacas por hectares. A soja tem projeção de ter elevação de 3,4 para 3,8 toneladas por hectares e o feijão, de 1 para 1,1 tonelada/hectare.
As previsões foram apresentadas em aula recheada de dados estatísticos e prognósticos do setor, onde Lamas fez uma viagem pela agricultura do continente, a partir do tema ‘O agronegócio na América do Sul’. O pesquisador contextualizou o agro em especial nas regiões de fronteiras, área que é ênfase do curso de Pós-Graduação em Gestão, Estratégia e Planejamento do IDESF. Os alunos das turmas de Foz do Iguaçu, Cascavel e Porto Alegre, que antes do isolamento social tinham aulas presenciais, assistiram à palestra online.
Destacando a participação do agronegócio com 21% do PIB nacional e 40% do saldo da balança comercial brasileira, Lamas deu ênfase ao investimento em pesquisa e tecnologia que fez com que o país passasse em poucas décadas de importador para um dos maiores exportadores de alimentos do mundo. Em 40 anos, a produtividade média de grãos cresceu 250%, enquanto a produção disparou 500%, para uma expansão de 70% da área plantada.
Lamas relacionou a soberania de um país a quatro modalidades de seguranças: alimentar, energética, territorial e cibernética. E trouxe a demanda da FAO, órgão das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação, preconizando que o mundo precisará aumentar em 70% sua produção para alimentar adequadamente a população projetada para 2050.
Com possibilidades restritas de expansão de áreas agrícolas e com a crescente preocupação ambiental, a aposta para aumentar a produção recai sobre elevação dos índices de produtividade. Ou seja, produzir ainda mais nas mesmas áreas cultivadas. E nesse quesito a agricultura brasileira é modelo, ancorada no crescente uso de tecnologia no campo, quantificação que pode ser compreendida pela máxima de que ‘há mais tecnologia aplicada em um grão de soja do que no celular’.
Lamas destacou a inversão dos números da população urbana em relação a rural a partir de 1950, proporção que atualmente chega a 87% das pessoas morando nas cidades e apenas 13%, na área rural. Abordou o histórico do agronegócio brasileiro a partir da cultura da cana-de-açúcar, seringueira, café, algodão, milho e soja, com a complementação atual de produtos como eucalipto, girassol, trigo, arroz, feijão, mandioca, sorgo e canola.
Definiu três grandes revoluções no agronegócio brasileiro: na década de 1970, o plantio direto na palha; na década de 1990, a introdução da segunda safra anual na mesma área plantada e, no século XXI, a implementação dos sistemas integrados de cultivo, a exemplo da Integração Lavoura, Pecuária e Floresta (ILPF), permitindo três atividades simultâneas, com resultamos melhorados em todas elas.
O pesquisador também apresentou os argumentos do setor para a defesa do meio ambiente. Atualmente, segundo monitoramento via satélite da Embrapa, 30% do território nacional é ocupado com atividades agropecuárias, na proporção de 21% para pastagens nativas e plantadas e 9% de áreas agrícolas, incluindo as de florestas plantadas.
Entre os desafios apresentados, a concentração que reflete o padrão econômico mundial se repete no campo. Apenas 8% dos estabelecimentos rurais geram 85% do valor produzido no agro. Analisando pelo outro ângulo, os outros 92% empreendimentos ou propriedades movimentam apenas 15% das riquezas do setor, segundo dados do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA).
Em sua análise conjuntural, Lamas trouxe a evolução de um setor que investe maciçamente em tecnologia, com instituições de ponta pesquisando novas ferramentas de produção, sendo este um dos grandes atrativos levam as novas gerações de volta ao campo. “Meu pai falava: estude para não ir para roça. Agora, podemos dizer: estude para ir para a roça”, brincou.
Fernando Lamas usou citação de Peter Drucker de que ‘A melhor maneira de criar o futuro é criá-lo!’ para descrever o movimento do agronegócio brasileiro: “Tecnologia e informação são as principais ferramentas para criar o futuro”, definiu.
Pós-Graduação: O módulo ministrado pelo pesquisador Fernando Lamas na Pós-Graduação em Gestão, Estratégia e Planejamento, com ênfase em fronteiras tem como tema “O agronegócio como vetor econômico regional: commodities e cooperativismo”. O curso tem cronograma estruturado em eixos de desenvolvimento, proporcionando aos alunos uma formação com abordagem ampla sobre as realidades de fronteira. Os conteúdos abordam saúde, educação, economia e desenvolvimento e segurança pública, objetivando formar líderes e gestores com atuação protagonista, preparados para propor soluções para as regiões fronteiriças.
Rosane Amadori – Comunicação IDESF
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