Alunos do ensino médio apresentando seus trabalhos de pesquisa para acadêmicos e doutores de uma universidade. A condição que parece fazer parte do sistema de ensino de um país de primeiro mundo aconteceu em Foz do Iguaçu, nesta sexta-feira (20), na Universidade do Oeste do Paraná (Unioeste), protagonizada pelos professores e estudantes da instituição e do colégio COC Semeador.
O grupo de alunos que fez as apresentações escreveu artigos de caráter científico sobre temas do cotidiano. Os trabalhos foram desenvolvidos nas aulas de Redação e Literatura do colégio, a partir da iniciativa da professora Denize Juliana Reis Cardoso, e se transformaram em livro, publicado pela Editora IDESF e lançado em junho deste ano.
A obra ‘Semeadores da Escrita’ traz 23 textos sobre temas como ‘Os problemas nas relações paternais na trilogia Star Wars’ e ‘Como a educação auxiliou mulheres em sua emancipação no mundo da moda’, entre outros que fazem parte do interesse da faixa etária.
“A ideia inicial era incentivar a leitura, a escrita e o interesse pela vida acadêmica e incentivá-los em relação a pesquisa. Muitos estarão aqui, nesses corredores, nos próximos anos. Minha intenção foi prepará-los, mostrar para eles que pesquisa é importante, que a gente não constrói opinião com achismos, que não se refuta fatos com opinião”, afirma Denize.
A professora conta que apenas orientou aos alunos escolher temas dentro da educação, do ensino e da literatura, suas áreas de atuação. “Pedi que escolhessem um tema que fosse agradável, avisando que ficaríamos trabalhando nele por alguns meses. E foi interessante porque muitos fizeram pesquisa de campo e foram entrevistar pessoas.”
Nervosa antes da apresentação, a estudante do segundo ano, Mariana Gertruges de Oliveira, escolheu falar sobre aplicabilidade na educação. “Nossa educação não ensina muito para o dia a dia”, justificou. A colega Maria Eduarda Escariote optou por pesquisar sobre o relacionamento abusivo. “Desde pequena sempre quis ajudar pessoas que sofrem algum tipo de injustiça”, conta a estudante, já decidida a fazer a faculdade de direito.
Orgulhosos, como é de se esperar, alguns pais foram acompanhar a apresentação dos filhos. A mãe da Eduarda, Renata Escariote, destacou que a iniciativa da escrita foi proveitosa para o desenvolvimento intelectual e profissional da menina. “A Duda ficou muito empenhada porque foi o tema que ela escolheu. Quanto mais cedo eles puderem ser desafiados a questionar, mais cedo vão desenvolver o senso crítico. E a pesquisa também ajuda a descobrir afinidades profissionais”, avalia.
Priscila Oliveira, mãe do aluno Henrique de Oliveira, também aprovou. “Achei fantástico! Dá uma noção de organização sobre a realidade acadêmica. Ele era uma criança muito tímida e tinha dificuldade para se colocar individualmente. O projeto faz com que soltem e aprendam a argumentar.”
A professora do Curso de Letras da Unioeste, Meire Oliveira Silva, uma das docentes que avaliaram as apresentações, percebeu preocupação dos estudantes na fundamentação teórica, indicando que eles entenderam que pesquisa não é simplesmente coletar dados. ‘’Os trabalhos são de muita qualidade e é possível perceber o quanto isso já estimula os estudantes. A motivação vem do dar sentido ao que está sendo feito”, avaliou.
Segundo Denize, com o passar do tempo, alguns alunos mudaram de opinião em relação ao tema pesquisado e outras alterações de comportamento puderam ser percebidas. “Mudou a maturidade, o interesse desses estudantes. Muitos passaram a ser mais críticos e conseguem construir propostas argumentativas, tanto no debate como no texto escrito. Eles desenvolveram o gosto pela pesquisa, acho que consegui mostrar que pesquisar vale apena e vale a pena lutar pela e através da educação, valorizando a ciência, que é algo que precisamos tanto”.
Para Denize, levar o resultado da iniciativa até a universidade onde estudou e onde a escola incentiva os alunos a chegar foi pura fonte de satisfação. “Atingiu (o projeto) uma proporção que eu mesmo não imaginava. Espero que eles entendam a grandeza de apresentar um trabalho num local como esse, a Unioeste, que é pública, gratuita e de qualidade”, resume.
O IDESF é parceiro desta iniciativa, por meio da Editora IDESF, e parabeniza a professora Denize por estimular os alunos a aprofundar no conhecimento por meio da pesquisa acadëmica. O IDESF acredita que a educação é o agente transformador das fronteiras. Não só das fronteiras, mas de toda a sociedade.
Sobre o IDESF – O IDESF é uma instituição sem fins lucrativos, com sede em Foz do Iguaçu (PR), que, por meio de estudos, ações e projetos, promove a integração entre as regiões de fronteira, o fortalecimento das relações políticas, sociais e econômicas e o combate aos problemas próprios dessas regiões.
Rosane Amadori – Assessoria de Comunicação IDESF – (45) 99101-1045